quarta-feira, 3 de fevereiro de 2016

A questão do preço da carne de cordeiro


                               Ruy Gessinger em sua fazenda em Unistalda 
Não conheço ninguém que não reclame dos altos preços das carnes de cordeiro nos açougues, supermercados e butiques de carne. Agora, é um criador que faz a reclamção. Ruy Gessinger, criador de Ile de France, em Unistalda, comenta:
“Claro que faz anos que não compro carne. Eu tenho um mini açougue montado na
estância, com serra elétrica e tudo. Carneamos gado, ovinos e galinhas de
nossa própria produção, para nosso consumo,  envolucramos e  etiquetamos os
cortes, metemos nos freezers e vamos consumindo.
Deixa estar que esses dias fui a um super na praia  e, por curiosidade,
olhei o preço da carne de cordeiro: me estarreci - 70 pilas o quilo. E a
costela de gado  na base de 40 mirréis.
Um cordeiro bom pesa uns 45 quilos. Mas vamos arredondar para 50. O preço do quilo vivo é de 5,00. O cordeiro embarca no caminhão a 250 pilas cada um.
Uma vez abatido, esse cordeiro terá um rendimento de carne, com osso e tudo
de 50%.  Talvez possa chegar a 60%, mas vamos pensar em 50%.  A carne que o
abatedor tem lhe custou 10 reais o quilo. Vamos colocar impostos, combustíveis, folha de pagamento, energia etc e aquele quilo tem o custo total de 20 reais. Mas não consigo entender como tem gente que compra a 70,00 aquilo que nós
produzimos a 5,00.
Por isso nós diminuimos o  rebanho ovino e focamos no gado geral e na
produção de touros. E os ovinos são praticamente só para consumo.
Conquanto tenhamos Cabanha de Ile de france e vendamos reprodutores da raça.
Resumo da comédia: nós, que cuidamos dos bichos, quebramos geadas e pegando
ressolanas, ganhamos 5 reais o quilo. E lá na frente vendem por 70.”
Concordo com o Ruy e quem é meu leitor sabe que, volta e meia, critico o alto preço da carne de cordeiro ao consumidor. Mas, também, reconheço que, para o produtor, já foi pior. Hoje, como diz o Ruy, o cordeiro está valendo R$ 5,00 o quilo vivo, El alguns casos, mais do que o boi. Mas já valeu R$ 1,30, época em que a maior parte dos criadores desistiu da atividade, até dava ovelhas para quem chegasse na estância. Hoje, o ovino valorizou tanto, está dando tanto dinheiro, que há criador que nem abate ovelha para consumo próprio e do pessoal da fazenda, preferindo levar, da cidade, carne de Gao para alimentar os peões. Ruy diz que o animal sai da fazenda, hoje, por R$  250,00. Não faz muito tempo, lá na região da Campanha, vendia-se ovelha a R$ 30,00 – quando se achava alguém que quisesse comprar!

Não está tão ruim assim para o produtor, Ruy. Está ruim para o consumidor.

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