terça-feira, 4 de junho de 2013

Um Vale órfão do estado


A região do Vale dos Vinhedos, no Rio Grande do Sul, a mais desenvolvida do país no enoturismo, que recebe milhares de visitantes mensalmente, considera-se abandona pelo poder público, apesar de sua contribuição pára o desenvolvimento econômico, social e político, carreando visitantes de todo o País e do exterior e gerando riqueza e emprego. A comunidade e empreendedores entregaram documento com 26 reivindicações ao Governo de Bento Gonçalves e estão preparando seu encaminhamento às Prefeituras de Garibaldi e Monte Belo do Sul, que fazem parte do Vale dos Vinhedos.
O roteiro enoturístico mais famoso do Brasil precisa de uma intervenção pública mais efetiva. Estradas carecem de pavimentação, existem buracos, falta transporte coletivo, recolhimento do lixo é precário, sinalização e iluminação são insuficientes, limpeza das vias é deficitária. Enfim, muitos são os problemas. Os investimentos se limitam a ações da iniciativa privada. Cansados de promessas e de exercer funções que competem aos Governos Municipal e Estadual, comunidade e empreendedores do Vale dos Vinhedos se uniram e construíram um documento com 26 reivindicações – em sua maioria antigas – que foi entregue ao Governo Pasin em encontro que reuniu mais de 80 pessoas na noite de segunda-feira, 27 de junho, no Restaurante Zandonai, no Vale dos Vinhedos.
Preocupado com a estrutura do roteiro, ainda mais às vésperas da Copa do Mundo de 2014 – o SPA do Vinho, no Vale, é um dos hotéis cotados para receber uma das seleções -, o presidente da Associação dos Produtores de Vinhos Finos do Vale dos Vinhedos (Aprovale), Juarez Valduga, lamentou a ausência do prefeito de Bento Gonçalves, Guilherme Pasin, que foi convocado para estar em Brasília. “Vamos torcer que o prefeito Pasin aproveite sua estada na capital federal para encontrar caminhos que possam ajudar o Vale dos Vinhedos”, almejou.
A lista de pedidos espelham as demandas do roteiro que se arrastam por diversas gestões. O documento foi entregue ao vice-prefeito Mário Gabardo, que esteve acompanhado por oito secretários, além do subprefeito Volnei Cristófoli. Entre as reivindicações destaque para o apoio e incentivo ao agricultor. Valduga chegou a oferecer um terreno para a criação de um horto, com o compromisso de a entidade adquirir as mudas se a Prefeitura de Bento Gonçalves se responsabilizar pela mão-de-obra. “Precisamos somar esforços nessa missão de fortalecer uma parceria público-privada para atender as aspirações dos moradores, empresários e visitantes do Vale. E neste contexto o produtor é o centro das nossas atenções. É ele que precisa de todo o apoio e incentivo para garantir uma matéria-prima capaz de resultar em vinhos de excelência”, destacou.
O presidente da Associação Comunitária Vale dos Vinhedos, Sadi Lorenzini, aproveitou o momento para expressar a indignação dos moradores que se sentem abandonados e com uma herança de demandas que acompanha diversas gestões municipais. “Entra e sai governo e o discurso é sempre o mesmo. Os compromissos são renovados, mas na prática nada acontece”, reclamou.
Ao reconhecer que o Vale dos Vinhedos é organizado e que hoje possui uma representação maior até que o próprio município, Gabardo disse que a governança se fez presente de forma maciça muito mais para ouvir do que para falar. “Propomos construir juntos, soluções para que o Vale dos Vinhedos continue sendo esta força enoturística”, afirmou.
O secretário de Governo, César Gabardo, ressaltou que o campo de reivindicações do Vale é muito grande em razão do patamar conquistado pelo roteiro. “O Vale deixou de ser um distrito de Bento”. Ele disse que chamou a atenção do Governo Pasin não existir nenhum projeto específico de captação de recursos para o Vale. “A Secretaria de Governo está cuidando dos projetos. Vamos construir isso juntos”, garantiu.
Ao assegurar que existe verba para questões como iluminação e paisagismo, o secretário antecipou que será realizada uma audiência pública para tratar do plano diretor. Quanto ao Museu do Vinho, entende que o primeiro passo é elaborar um projeto para, posteriormente, tratar do local de instalação. Convicto de que muitas vezes a força política das empresas é maior que a do governo, César Gabardo aposta num trabalho conjunto com Garibaldi e Monte Belo do Sul, principalmente no que diz respeito a demandas que dependem do Daer, por exemplo.
Para a entrega do documento aos governos de Garibaldi e Monte Belo do Sul, municípios que também formam a região geograficamente demarcada do Vale dos Vinhedos, a Aprovale e a Associação Comunitária Vale dos Vinhedos estarão promovendo novos encontros

Comunidade e produtores apresentaram reivindicações aos dirigentes de Bento Gonçalves
              Foto Lucinara Masiero



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