domingo, 9 de dezembro de 2012

Debate sobre ovinocultura e desafios da produção animal

Por

Adilson Nóbrega
Embrapa Caprinos e Ovinos
adilson.nobrega@embrapa.br
(88) 3112.7483

O papel da ovinocultura diante dos desafios da produção animal no mundo foi o destaque do primeiro dia da VIII Semana da Caprinocultura e Ovinocultura Brasileiras, no Ceará. O assunto foi abordado na palestra do pesquisador Kepler Euclides Filho, do Departamento de Pesquisa e Desenvolvimento (DPD) da Embrapa, para quem a cadeia produtiva deverá se preparar para responder a oportunidades como o crescimento da demanda global por carne ovina e desafios como a exigência de maior qualidade dos produtos.
Segundo o pesquisador, em um horizonte até 2021, a estimativa é de que os países em desenvolvimento tenham uma participação de 78% no mercado mundial de carne ovina. Além disso, os cenários indicam fatores favoráveis como o crescimento populacional. Ele acredita, porém, que para o Brasil responder a este crescimento, será necessária a superação de gargalos como a gestão inadequada dos sistemas de produção, a falta de regularidade na oferta e um preço mais adequado para massificar o consumo. “Não adianta incentivar somente a produção sem estimular os outros elos da cadeia”, frisou ele.
Para Kepler, até o ano de 2050, quando a população mundial deve chegar a 9 bilhões de pessoas, a atividade agrícola deverá apresentar características como a eficiência de gestão, a qualificação da mão-de-obra, o uso de tecnologias para mitigação ou adaptação a condições naturais. Com isso, o papel das instituições que lidam com inovação será fundamental, assim como metodologias eficazes de transferência de tecnologias, capazes de promover transformações no setor produtivo.
A palestra de Kepler foi seguida de mesa redonda sobre problemas e necessidades do setor produtivo. A experiência de parceria público-privada que impulsionou a ovinocultura no Mato Grosso foi mostrada por Paulo de Tarso Martins, gestor da cadeia produtiva de ovinocaprinocultura da Secretaria do Desenvolvimento Rural e Agricultura Familiar daquele Estado. Ele destacou que o trabalho realizado, envolvendo governo estadual, prefeituras, sindicatos e associações teve foco na criação de condições para melhor comercialização dos animais.
Segundo ele, no período de 2007 a 2010, o comércio de caprinos e ovinos para outros estados gerou R$ 28 mil de ICMS contra somente R$ 6,2 mil do imposto em um período que vai de 1999 até 2007. Ele destacou ainda que, somente em 2011, este comércio de animais gerou R$ 86 mil de ICMS, crescimento de aproximadamente 300% em relação ao período anterior. “Isso mostra o quanto a atividade está em ascensão”, ressaltou ele.
O empresário Ordomar Furtado, proprietário do restaurante Ordones (especializado em carnes) em Fortaleza (CE) relatou as dificuldades em abastecer seu estabelecimento com carne adquirida no Ceará. “Sai mais barato comprar carne do Sul do Brasil do que a daqui: 95% do que compramos vem de fora do estado. Falta abatedouros, é difícil encontrar carcaças padronizadas”, afirmou ele.
Já o produtor rural José Roberto Alves citou que problemas como a diminuição dos rebanhos, a falta de organização dos produtores e a dificuldade com captação de água e custos de energia são alguns dos principais entraves para a ovinocultura no Nordeste. A mesa contou também com as participações da professora Alda Monteiro (UFPR), do gerente de produtos caprinos e ovinos da empresa Alta Genetics, Edson Siqueira; do coordenador de programas do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar) da Bahia, Washington Serafim.

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