quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Ovinocultura brasileira dando seus primeiros passos

A ovinocultura brasileira, especialmente a do Rio Grande do Sul, já teve um papel econômico-financeiro e social muito importante, no passado, quando o rebanho local chegava a 18 milhões de cabeças, quase todo dedicado à produção de lã. Depois, veio a crise internacional da lã e o setor quase desapareceu. Por isso, dá para entender que Raquel Maria Cury Rodrigues, da Farmpoint, tenha dado ao seu artigo o título “Ovinocultura brasileira dando seus primeiros passos”. Ela está dando primeiros passos num processo de recuperação. Vamos ao artigo, com interessantes colocações e que nos foi enviado pelo zootecnista Paulo de Tarso dos Santos Martins:
Por Raquel Maria Cury Rodrigues (FarmPoint)
postado em 04/01/2012
O Brasil apresenta vocação para a atividade agropecuária, porém, muitas atividades relacionadas ao agronegócio ainda não gozam da sua máxima eficiência quando pensa-se em produtividade. Com a ovinocultura não é diferente. As pessoas envolvidas na atividade conhecem os desafios que o setor enfrenta e o principal reflexo das dificuldades encontradas é que o país continua dependente das importações uruguaias para abastecer o seu mercado.
Em 2011, (considerando de janeiro a novembro), o Brasil importou 4076 toneladas de carne ovina, 15% a menos quando comparamos com o mesmo período do ano anterior (4824 toneladas). Esse decréscimo nas importações ocorreu devido a uma menor produção ovina uruguaia e a abertura de novos mercados pelo país. Mesmo assim a parcela enviada ao Brasil ainda é significativa.
Em 2011 a ovinocultura brasileira amadureceu. Ainda há muita coisa a ser feita mas a consciência dos produtores está nitidamente começando a mudar, pois há um crescente interesse na produção de carne de cordeiro e não apenas, na produção de animais de elite.
Durante o ano, pude observar inúmeros projetos e iniciativas que contemplaram essa afirmação, além de novos produtos oriundos da carne ovina lançados por grandes empresas no mercado. A indústria também fez-se mais presente, participando de eventos e divulgando os seus serviços aos produtores, que muitas vezes desconhecem o que é oferecido pelo frigorífico e suas estruturas.
Dentre os gargalos, dois me chamaram a atenção ao longo do ano e pretendo discuti-los com mais afinco ao longo do artigo: falta de planejamento da atividade e carência de mão de obra.

Planejamento da atividade

A falta de planejamento ainda é uma das principais características de quem inicia a criação. O modismo já foi mais evidente em anos anteriores, mas ele ainda marca presença. O mercado está aquecido sim, mas o produtor precisa ter em mente que iniciar uma produção animal é equivalente à abertura de um novo empreendimento e todos os detalhes e minucias devem ser anotados e contabilizados no papel. Peca-se na falta de profissionalismo e na ansiedade de ver rapidamente os resultados.
O planejamento está intimamente relacionado aos custos de produção. E se o produtor não calcula aquilo que entra e aquilo que sai para conhecer o seu lucro e os resultados do seu trabalho, ele pode estar fadando o seu próprio insucesso. Por isso destaco novamente a importância das anotações e da conscientização dos funcionários para com este item.
No último mês de dezembro, o FarmPoint lançou uma enquete perguntando aos leitores quais seriam os principais desafios para a ovinocultura em 2012. A maioria deles (16%), respondeu que o principal gargalo será a falta de planejamento da atividade. Leitores de 22 estados participaram da pesquisa, o que demonstra que há um consenso entre as regiões do país quanto a este problema.

Carência de mão de obra

A mão de obra especializada não é um problema apenas para a ovinocultura. A mão de obra é um problema atualmente para toda atividade agropecuária. Cada dia que passa o número de pessoas dispostas a trabalhar no campo diminui e isso sem dúvidas prejudica as cadeias como um todo.
Quando fala-se em ovinocultura esse problema é agravado pelo fato de o Brasil não possuir uma cultura forte para essa produção. Isso dificulta o encontro de pessoas que conheçam as peculiaridades e detalhes desses animais, o que prejudica a produção de uma forma geral.
Os funcionários que já trabalham no campo devem ser incentivados a ficar no mesmo. O proprietário deve conhecê-los bem e saber como estimulá-los à permanecer em sua propriedade e treinamentos devem acontecer para o aperfeiçoamento daquilo que já existe. Uma sugestão é a união dos produtores que possuem propriedades em localidades próximas para reuniões e treinamentos dos seus funcionários em grupo, abrangendo um número maior de pessoas e reduzindo os custos.
Esses gargalos devem ser ajustados para que a atividade se desenvolva. Em 2012 esperamos que a ovinocultura brasileira dê mais um passo de sucesso e que a carne ovina ganhe cada vez mais o gosto dos consumidores brasileiros.

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