quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Um tour de vinhos e gastronomia por Portugal


Herdade dos Grous

Herdade do Esporão



Quinta da Bacalhôa
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Estou embarcando para Portugal e, graças à convite da VinePortugal, vou degustar grandes vinhos portugueses no Algarve, no Alentejo e na Penínsual de Setúbal. Os vinhosportugueses ganharam novo frescor, nos últimos anos, em função de grandes investimentos nos empreendimentos tradicionais, aumentando o foco na produção de vinhos para a mesa. Hoje, eles estão nos cardápios de restaurantes e em mesas em todo o mundo. Além, é claro, do tradicional Vinho do Porto.
De acordo com informações da ViniPortugal, nos últimos 20 anos, tem havido um revival na indústria do vinho português. Lembro que ele já era bom, quando morei por lá, e íamos, todas as noites, na Mouraria, com o saudoso Clóvis Ott e a Sônia Renner, beber vinho e comer sardinhas assadas. Ficávamos até a madrugada pelo bairro. Lembro da rua do Capelão, Travessa dos Lagares, Beco dos Três Engenhos, da dolência e da melancolia dos violões e cânticos que se ouvia madrugada adentro. Não sei se terei tempo de rever esta Lisboa antiga no meu pensamento, antes do ingresso de Portugal no Mercado Comum Europeu.
Portugal é único, em matéria de vinhos, por suas castas autóctones, que tornam-os emocionantes. Lembro que, àquela época, andei pela Vila Chã de Ourique, no Cartaxo, conheci Francisco Ribeiro, os seus vinhos e os seus cavalos andaluzes, e bebi com ele Boal Alicante, Fernão Pires, Carignan, Tália, Castelão Francês e Vital – em taças com mais de 200 anos de idade, o que aumentou o meu cuidado em segurá-las depois que ele me deu esta informação. Existirão, ainda, estes vinhos, então produzidos na propriedade Lezirão, na Casa Branca, no Campo de Valada? Foi lá, inclusive, que vi, pela primeira vez, a máquina de colher uvas, o que, então, me pareceu um despropósito, tão grande era o estrago que ela fazia no vinhedo, deixando quase só o tronco grosso intacto. Agora, recentemente, vi uma máquina de colher uvas, na Almadén, da Miolo,lá em Livramento, o princípio é o mesmo, mas a máquina moderna colhe mais em cima e não machuca tanto a planta.
Faz muito tempo isso. A nova casta de enólogo e as variadas condições de crescimento de regiões de Portugal permitem, o sei, diferentes e distintos tipos de vinhos, monovarietais, bem como diversas misturas de castas.Portugal está rapidamente se tornando um dos principais destinos do vinho na Europa do século 21. Embora a bebida tenha sido uma parte da história de Portugal desde o tempo do Império Romano, os produtores de vinho protugueses ainda tem de ganhar a exposição generalizada no mercado mundial. Este é um trabalho que vem sendo feito com bons resultados pela ViniPortugal. Felizmente, os consumidores, descobrindo o vinho português, estão se apaixonando no primeiro gole pelo perfil diversificado dos vinhos da costa oeste da Europa. Noite destas, em Porto Alegre, jantei com o José De Jesus Santos, presidente do Sindicato de Hotéis e Restaurantes de Porto Alegre, no restaurante Calamares, e bebemos um excelente vinho português destas novas safras.
Na segunda-feira, dia 7, estarei na Quinta do Barranco Longo, em Algoz, Algarve, para visita, degustação e almoço. O proprietário, Rui Virgínia, é um enólogo especializado em roses e tintos. À tarde, irei na Quinta dos Vales, em Estômbar, Lagoa, entre Carvoeiro e Portimão, para visita, degustação, jantar e pouso. Pelo que sei,é um dos principais produtores de vinho no crescente mercado do Algarve, com a marca Marquês dos Vales.
Na terça-feira, dia 8, começarei pela Herdade dos Grous, em Albernôa, Alentejo, com visita, degustação e almoço. É uma vinícola de grandes vinhos tintos de guarda e excepcionais brancos. Um de seus desatques é o
23 Barricas 2007. Ainda em Albernôa, às 15h30min, deverei estar na Herdade da Malhadinha Nova, para visita, degustação, jantar e pouso. É uma propriedade tipicamente alentejana, onde se produz vinho e se criam cavalos. Tem o Malhadinha, o Monte da Peceguina, o Antão Vaz, o Raagones e o Pequeno João, entre outros.
Na quarta-feira, dia 9, ainda no Alentejo, irei à Herdade do Rocim, entre Fidigueira e Cuba, para visita, degustação e almoço. Lá existem, pelo menos, 60 hectares plantados com vinhas, das quais saem o Grande Rocim, em safras especiais, o Vale da Mata, que aproveita as uvas aragonez, syrah e touriga nacional; o Olho de Mocho,um vinho perfumado; e o Rocim, entre outros. À tarde, irei para a Quinta do Quetzal, em Vidigueira, para visita e degustação, principalmente do Quinta do Quetzal Reserva Tinto 2007, Medalha de Ouro na Alemanha. É uma vinícola nova, instalada em 2002, por um casal de holandeses, mas muito premiada, pois só em 2010, arrecadou 12 medalhas e menções honrosas, a maioria delas em concursos internacionais de renome. O jantar será no restaurante Fialho, um dos mais famosos de Évora responsável pela recuepração de alguns pratos tradicionais do Alentejo, como a “Favada Real de Caça”, servida pelo rei D. Carlos aos seus convidados depois das caçadas, a “Sopa de Beldroegas”, “Migas Gata”, “Poejada de Bacalhau” e outros manjares alentejanos.
Na quinta-feira, dia 10, depois de uma visita pela cidade de Évora, para recordar alguns momentos de minha viagem anterior, há muitos anos, visitarei a famosa Herdade do Esporão, para degustação e almoço. Em plena Região Demarcada do Douro, esta propriedade produz grandes vinhos e azeites. Só para citar algunas vinhos, Monte Velho, Alandra, Vinha da Defesa, os reputados Esporão Reserva e Private Selection, os sempre inovadores Monocastas ou o exclusivo Torre do Esporão. Ficarei hospedado na Pousada Santa Isabel, em Estremoz, e o jantar será no restaurante São Rosa, onde a pedida é Enchidos de porco preto; Farinheira assada; Pasta de chouriço; Espargos bravos com ovos; Cogumelos recheados com gambás, Açorda alentejana e Sopa de tomate com peixe, Bacalhau assado e peixe grelhado, Carne de porco à alentejana; Carnes grelhadas; Ensopado de borrego; Porco preto grelhado; Entrecosto; Chispe de Porco; Borrego assado no forno; Tarte de perdiz; Lombo de porco com ameixas; Burras e Pombo bravo à Glória. Se a minha glicose suportar, Encharcada; Pão de ló de Alfeizeirão; Pêras com chocolate; Papos de Anjo e Leite creme queimado. Os vinhos serão Monte dos Cabaços, produzidos pelos donos do restaurante em 100 hectares de vinhedos: Monte dos Cabaços Tinto, Monte dos Cabaços Branco e o .Com Tinto.
Na sexta-feira, dia 11, depois de visitar a Quinta D. Maria, e degustar o Quinta Vale D. Maria Douro Tinto e o Quinta Vale D. Maria Porto Reserva, irei para a Bacalhôa Vinhos de Portugal, para visita, degustação e almoço no Palácio da Bacalhôa, em Vila Fresca de Azeitão, um monumento notável da arquitetura portuguesa, o mais importante repositório da azulejaria primitiva em Portugal. Pretendo brindar ao grande palácio com um Palácio da Bacalhôa 2003, que sei ser 70% cabernet sauvignon, 21% merlot e 9% petit verdot. Ao anoitecer, irei jantar na Pousada de Palmela, no interior do Castelo de Palmela, na Península de Setúbal, terra de excelentes e especial gastronomia, como Sapateira recheada, Linguado com cerveja preta, Frango na púcara à moda de Palmela, Queijinho de ovos de Azeitão, Estaladiço de bacalhau com cebolinho e coentros acompanhado de bouquet de ervas frescas e vinagrete de rosas, Empada de perdiz e cogumelos do bosque com salada de folhas verdes e romã com noz e mel de rosmaninho. É um jantar de reis. Quem já esteve lá garante que possui uma ampla carta de vinhos.
No sábado, dia 12, ainda na Península de Setúbal, vista e degustação na Casa Agrícola Horácio Simões, vinícola secular, onde se produz, entre outros, o Vinha Val dos Alhos D.O.C Palmela Tinto e o Regional Terras do Sado Tinto, além de uns grandes moscatéis premiados em várias partes do mundo: Excellente Moscatel Roxo e Moscatel de Setúbal. O almoço, com degustação, será na José Maria da Fonseca, que produz vinhos desde 1834, hoje na sexta geração. Entre seus vinhos mais conhecidos estão Moscatel de Setúbal, Periquita, Palmela Superior. No total, temmais de 700 hectares de vinhedos espalhados pelo país. Seu Moscato Roxo 2011 D.O.C. é supimpa. Outro dos bons é o Alambre 20 Anos Moscatel de Setúbal D.O.C. O jantar será, possivelmente, no Cantinho do Avillez, em Lisboa, restaurante do chef português José Avillez, na rua Duques de Bragança, no bairro Chiado, que muito percorri quando morei em Lisboa, em busca das casas de fado que, naquela época, por ali existiam.
No domingo, dia 13, terminará a festa portuguesa. À noite, pegarei o vôo da TAP e voltarei ao Brasil, desembarcando no Rio. Mas, tenho certeza, terá sido um belo tour, graças à ViniPortugal, a quem agradeço, desde já.

Um comentário:

Antonio Trindade disse...

Meu Caro,
Bebi ontem um branco "Santa Rita" de 1990, produzido e engarrafado por Rogério Camilo Ribeiro, Vila Chã de Ourique, 2070 Portugal, elaborado exclusivamente com mosto de lágrima de uvas selecionadas, provenientes da minha propriedade LEZIRÃO. Foram produzidas 15.122 garrafas, sendo esta o nº13658.
Não sei como foi parar à minha garrafeira (sou um bocadinho desorganizado)mas estava espectacular. Sabe algo mais sobre a história deste vinho??
Melhores Cumprimentos,
A.Trindade