quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Os 80 anos de Cândido Valduga


Cândido Valduga e seus filhos Marcos, Roberto, Carlos e Celso Valduga
Foto Lucinara Masiero
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Vinícola se prepara para celebrar o aniversário de seu fundador lançando o primeiro vinho comemorativo da Dom Cândido. O fundador da Dom Cândido Vinhos Finos, Cândido Valduga, se prepara para completar 80 anos. A vinícola organiza uma grande festa que reunirá filhos, netos e irmãos para comemorar em família a data. Para degustar, um vinho exclusivo, com marca própria e uma produção de apenas 3 mil garrafas. Cândido Valduga é marca registrada na Dom Cândido e no próprio Vale dos Vinhedos.
De olhar marcante, passos firmes e um sorriso honesto que esbanja jovialidade. Uma serenidade que deixa escapar toda experiência de uma vida dedicada a terra, ao vinho. Quem visita a Dom Cândido é recebido por ele, um autêntico contador de histórias.
Desde pequeno sempre acompanhou o pai, Marcos Valduga, na lida com o vinhedo. Ele ajudava a lavar as pipas, que abrigavam o vinho artesanal feito pela família para consumo próprio. A uva, já processada em vinho, era vendida para a Vinícola Rio-grandense – cerca de 30 mil litros por ano. A família também cultivava trigo, milho, feijão, tudo para a subsistência. O trabalho se estendia até o sábado à noite. No domingo, levantava às 6h para ir à missa. A igreja ficava a 6 km e este trecho era feito a pé. Folga só no domingo à tarde. Mas à noite o momento era dedicado a reza, e de joelhos.
Cândido Valduga recorda que tudo era feito a mão. “Não havia máquinas como hoje. Era bem mais difícil, mas era bom. Tínhamos tudo o que precisávamos. Comprávamos apenas o açúcar e o café, que íamos buscar a cavalo no centro da cidade”, conta. Logo que casou com Lourdes Gema Teston Valduga, aos 25 anos de idade, começou a vender uva para a rememorável Dreher. Os filhos Roberto, Celso, Marcos e Carlos ajudaram o pai na cultura do vinho e, logo, a área cultivada foi crescendo. Durante 29 anos, Cândido Valduga forneceu uva para a Dreher e também para a Tecnovin.
Em 1986 foi construída uma cantina: a Cândido Valduga e Filhos. No início, a uva era dividida entre o fornecimento para outras empresas e a própria produção. Seu Cândido, como é conhecido, foi o primeiro produtor do Vale dos Vinhedos a cultivar uma variedade vinífera, a Cabernet Franc, até hoje mantida pela vinícola. A iniciativa surpreendeu e animou a própria Dreher, que aproveitou a situação para investir na uva. Era apenas um hectare, mas foi o suficiente para despertar a atenção do setor para as uvas viníferas. Até então, as uvas americanas predominavam isoladamente.
Apreciador do vinho tinto Merlot e de um bom branco, este especialmente gelado e na praia, Cândido Valduga não deixa de cumprir sua rotina diária na Dom Cândido. É ele quem recebe os turistas que chegam à vinícola. E histórias é o que não faltam. Ao final do dia sempre reserva um tempo para ir ao bar da localidade para jogar bisca, tri-sete e quatrilho com os amigos.
O controle do varejo é tarefa do Seu Cândido. Além de coordenar o trabalho no setor, ele também é responsável pela compra dos embutidos, acessórios para vinho, geléias e artesanato comercializados no local. “Enquanto converso com os turistas o tempo vai passando. Só tem uma coisa que me preocupa. Eu não lembro de todas as pessoas quando elas retornam, o que não me agrada”, lamenta.
Sem se imaginar fazendo outra coisa, o patriarca recomenda para quem deseja o sucesso, honestidade, trabalho e saúde. “Ser honesto é a melhor coisa do mundo e o trabalho nos dá dignidade, pois nada cai do céu e problemas existem e sempre vão existir”, afirma. Mesmo com uma vida regrada por escolha própria, não descarta o copo de vinho e a boa comida. Tudo sem exageros.
A comemoração desta trajetória será marcada pelo lançamento de um assemblage, que poderá ser degustado a partir do mês de outubro. Serão apenas 3 mil garrafas e a venda será exclusiva no varejo da vinícola. Aguardem! É coisa boa.
A Dom Cândido Vinhos Finos é uma vinícola familiar instalada no Vale dos Vinhedos, na Serra Gaúcha. Com uma produção controlada, a vinícola aposta na elaboração de grandes vinhos em pequenos lotes. Desde sua fundação, a empresa ampliou seus vinhedos, hoje responsáveis por 100% da produção de seus vinhos e espumantes, cerca de 300 mil litros por ano. São 12 hectares só no Vale dos Vinhedos, onde cultivam uvas viníferas das variedades Marselan, Cabernet Sauvignon, Merlot e a branca Chardonnay. Em Veranópolis, município vizinho, a aposta é nas variedades Marselan, Malbec, Tannat e Alicante. Lá, a empresa possui 50 hectares, 32 destinados a vitivinicultura. A Dom Cândido foi a primeira vinícola do Brasil a lançar um vinho Marselan. Com identidade própria, o produto é um dos diferenciais da vinícola.
Na unidade do Vale dos Vinhedos, estão o varejo, o setor administrativo e as áreas de envelhecimento e expedição. Na propriedade da Garibaldina, no município de Garibaldi, fica a produção e o engarrafamento. A história da Dom Cândido se confunde com a do Vale dos Vinhedos. O desenvolvimento do enoturismo ajudou a empresa a se posicionar no mercado. Hoje, a Dom Cândido recebe milhares de turistas anualmente. A visitação é diária, das 9h às 17h30min, sem fechar ao meio-dia.
A empresa se orgulha por ter conquistado dezenas de premiações em concursos internacionais. São Medalhas de Duplo Ouro, Medalhas de Ouro, Prata, Bronze, além de Diplomas de Honra, distinções que comprovam a qualidade dos produtos que trazem a marca Dom Cândido.

Um comentário:

Herbert Allucci disse...

Parabéns à família Valduga. Sinto um sabor especial, por ver nessa imagem, o rótulo que desenvolvi para vocês. Muito sucesso e brindes.
Herbert Allucci