sábado, 18 de dezembro de 2010

Calamares com vinho verde

Apesar do crítico de vinhos Olyr Corrêa ter mandado dizer – publiquei em edição anterior do Blog – que é quase impossível beber bom vinho verde no Brasil porque, ao atravessar o Equador, quando vem de navio, ele perde suas qualidades, os portugueses continuam intensificando a venda do vinho verde no Brasil. Segundo Olyr, ele será bom se vier de avião.
Conforme informação de Daniele Lentz - (51) 3346.4642 -, uma
das casas portugueses mais tradicionais de Porto Alegre assumiu a missão de ajudar a disseminar o consumo do Vinho Verde na cidade, oferecendo degustação da bebida. A ação, desenvolvida pela Comissão de Viticultura da Região dos Vinhos Verdes (CVRVV),foi patrocinada pela Comunidade Européia.
O restaurante Calamares (Avenida Mercedes) promoveu até sábado, degustação com sete das principais vinículas que fabricam a bebida na Região dos Vinhos Verdes, noroeste e Portugal. Pela primeira vez realizada em Porto Alegre, o objetivo da ação foi instaurar a cultura do consumo do vinho verde na cidade, que segundo Maria José Cassapo, restauranteur do Calamares, está entre as últimas capitais brasileiras a consumir a bebida. "Estamos oportunizando aos nossos consumidores a chance de conhecer um pouco mais sobre o vinho verde, bebida típica para ser apreciada nos dias quentes," destaca Maria José.A ação da CVRVV, também realizada em outras regiões do país, já promoveu o aumento de 35% de consumo do vinho no Brasil. A bebida é o segundo vinho português mais exportado depois do vinho do Porto.
Sobre o nome, se deve precisamente ao fato da conjugação do clima e das antigas técnicas de viticultura locais (vinhas exuberantes, conduzidas em altura e profusamente regadas pela água das hortas) condicionarem a maturação das uvas (é mais uma definição para “vinho verde”. Cada um dá uma diferente). Ou seja, esses vinhos chamaram-se Verdes porque eram feitos de uvas verdes (não é verdade!). Tanto que a legislação vitivinícola portuguesa de 1946 dividia os vinhos nacionais, precisamente, entre "verdes" e "maduros". Hoje, na sua maioria, é uma região de viticultura moderna, com castas de grande qualidade e uvas que atingem o ponto de maturação ideal. Existem vinhos verdes, brancos e tintos, rosés e espumantes.
Produzido exclusivamente na Região Demarcada dos Vinhos Verdes, localizada no Noroeste de Portugal, constitui uma denominação de origem controlada cuja demarcação remonta a 1908, para vinhos jovens no Noroeste de Portugal , entre o Rio Minho e o Rio Douro. O vinho verde detém a segunda maior quota do mercado português e é o único que apresenta no último 50 anos crescimentos sustentados.
NOTA DO AUTOR – Eu, particularmente, até hoje não sei porque se chama “vinho verde”. Muito o bebi, nos botecos de Lisboa, e ninguém me deu uma explicação clara. E, para tirar qualquer dúvida, perguntei isso diretamente ao enólogo António Cerdeira, da Região dos Vinhos Verdes, e que veio a Porto Alegre, dia 29 de novembro deste ano, divulgar os vinhos, e ele me respondeu, sem titubear, com todas as letras: “Chama-se “vinho verde” porque é uma região de muito verde”. O crítico de vinhos Marcelo Copello estava junto e corroborou. Confesso que achei uma explicação meio fraca, mas, como veio de um enólogo oficial da região, tenho que aceitar. Então, não me venham com esta história de “vinhos de uvas verdes” em oposição a “vinhos de uvas maduras”.

Um comentário:

OC disse...

Bom, hoje em dia, entre os conhecedores/pesquisadores resta pouca dúvida: estes vinhos chamam-se verdes porque eram feitos com uvas verdes, isto é, que não haviam atingido a sua plena maturidade (é claro que este adjetivo era aplicado em relação ao vinho de outras regiões, considerados "maduros").
Esta realidade começou a desaparecer a partir da década de 80 do século passado. Hoje a moderna viticultura portuguesa da Galícia é outra e faz vinhos com uvas idealmente maduras.
Atualmente, esse tipo de vinho só existe em propriedades não comerciais, basicamente para consumo próprio ou venda comunitária e local, onde as uvas são cultivadas em latadas, com folhagem exuberante e irrigação caseira (a "molha" diária da "horta").
A historieta esta da "região verde", porque o Minho é uma região fresca e com muito verde, foi inventada exatamente para esconder esta verdade histórica.
A própria legislação dizia que os "verdes" deveriam ter (Alvarinhos fora!) entre 9 e 11,5° de álcool enquanto os "maduros" no mínimpo 11°.
Se alguém desconfiar porque nós nunca produzimos brancos ditos “de qualidade” e acabamos produzindo os "famosos" espumantes da Serra Gaúcha e der uma olhada nas duas regiões vai encontrar muitas semelhanças.
Por último, acho que esses vinhos possuem o seu valor e seu nicho de mercado, veja-se o acompanhamento de sardinhas, arenques, salames, e não devem olhados com desprezo por deslumbrados “parkeristas”. Um Muralhas de Monção na praia de Alteirinhos, no verão, na minha opinião, não encontra cerveja que o supere. (Alteirinhos tem umas outras atrações, também...)
Um abraço
Olyr