segunda-feira, 5 de abril de 2010

Miolo transfere vinhos da Serra para a Campanha

Conheci um grande repórter, nos tempos em que trabalhai no Diário de Notícias de Porto Alegre, lá pela segunda metade dos anos 60 do século passado, propriedade dos então poderosos Diários e Emissoras Associados do Rio Grande do Sul, que costumava descobrir boas notícias, mas tinha o mau costume de guardá-las na gaveta. Depois que o jornal concorrente as publicava, ele tirava suas laudas da gaveta e menosprezava o concorrente: “Isso eu já sabia, está aqui, vejam!”. Só que não as havia publicado.
Eu cometi uma bobagem dessas. Desde o dia 26 de março, quando jantei com Adriano Miolo, em Bagé, eu tinha a notícia, considerada nos meios vinícolas uma “bomba”, de que a Miolo vai transferir quase toda sua linha de vinhos para a região da Campanha, deixando o Vale dos Vinhedos, em Bento Gonçalves, e guardei na gaveta. Domingo, quando voltei da praia, lia a notícia na revista Veja. Não ficou tão feio porque eu a havia deixado pronta, na mão do diagramador do Jornal do Comércio, e ela saiu em minha coluna de hoje, segunda-feira, dia 04. Ei-la:
A Miolo Wine Group tomou uma decisão que não sei se vai agradar muito aos serranos e bento-gonçalvenses: vai concentrar a maior parte de sua produção de vinhos na região da Campanha, nas vinicolas Fortaleza do Seival, em Candiota, e Almadén, em Livramento. O primeiro passo será transferir de Bento Gonçalves para Candiota toda a linha Reserva, formada por cinco varietais tintos - cabernet sauvignon, merlot, tannat, pinot noir e tempranillo - e quatro brancos - chardonnay, viognier, sauvignon blanc e pinot griggio - e a linha Seleção, com dois tintos -cabernet sauvignon/merlot e tempranillo/touriga -, dois brancos - chardonnay/viognier e pinot griggio/riesling - e um rosé - cabernet sauvignon/tempranillo. A mudança não afetará a produção da linha Quinta do Seival, em Candiota, formada pelo Castas Portuguesas, o Cabernet Sauvignon e o ícone Sesmarias. No Vale dos Vinhedos continuarão sendo produzidos os vinhos premiuns Lote 43 e Merlot Terroir. Dentro da idéia de contribuir para transformar a Campanha numa espécie de "Nova Califórnia" em matéria de vinho, a Miolo vai colocar em todos os rótulos de seus produtos da região a palavra "Campanha".

2 comentários:

Arizinho disse...

Quando eu era guri (ejá faz tempo isso) me diziam que o Rio Grande do Sul jamais produziria bons vinhos. os vinhos da Campanha que já provei, são muito bons. E muito bom também é o teu blog com ou sem furo de reportagem.
Abraço
Ari Teixeira

Anônimo disse...

A VEJA pegou o BLOG andando e deu como novidade o que nada mais é do que estratégia, para uma empresa que vai fazer em sua sede no Vale os vinhos que poderão ter DO (Denominação de Origem) e nas terras onde têm mais uva do que estrada, os vinhos que pagam as contas. Está muito certa.
Aliás, já faz anos que o Pinot Noir varietal deles vem da Fortaleza, no vale só ficou o vinhedo do base para espumante.
Não há novidade alguma nisso.