sábado, 13 de março de 2010

Estrangeiros buscam ovinos no Brasil, mas falta produção

Uma boa notícia para quem tem projetos de craição de ovinos em grande escala: mercado há. O que falta é escala de produção aqui entre nós. Lembro que há alguns anos, árabes tentaram comprar ovinos no Rio Grande do Sul e queriam coisa de 50/100 mil animais por navio e não houve quem tivesse condições de fazer o negócio por falta de animais.
Agora, recentemente, conforme mensagem que publiquei aqui no Blog há alguns dias, compradores da Libia estão interessados em cordeiro brasileiro. É só dar uma olhada nas edições anteriores do Blog ou, então, me pedir, que mando o endereço.
Novamente,produtores estrangeiros já batem à porta da caprino-ovinocultura brasileira. De olho na melhor genética do mundo para o segmento, Oriente Médio e África estão em busca tanto da carne como do animal vivo do País. O interesse sinaliza potencial de franca expansão do setor, que esbarra na falta de escala de produção."Eles estão batendo em nossa porta, mas não temos produção", diz Arnaldo dos Santos Vieira Filho, presidente da Associação Paulista de Criadores de Ovinos (Aspaco) e presidente da Câmara Setorial da Cadeia Produtiva de Caprinos e Ovinos. Ele acrescenta que Irã e Líbia são os maiores interessados em fazer negócio.A Região Nordeste do Brasil aparece como destaque entre os exportadores: a Bahia já exporta ovino para Angola e o Ceará para Cabo Verde. De acordo com Enio Queijada de Souza, coordenador técnico do projeto de Apoio a Programas Regionais Integrados e Sustentáveis da cadeia de Ovinocaprinocultura, do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), apesar de os baianos ainda embarcarem um volume pequeno, isto sinaliza que o mercado externo está de olho no Brasil. "No ano passado, o Ceará enviou para Cabo Verde seis toneladas da carne", diz.A Austrália e a Nova Zelândia são os maiores exportadores, responsáveis por abastecer os EUA e a Europa. Já a China é detentora mundial do maior rebanho.Para Paulo Afonso Schwab, médico veterinário e presidente da Associação Brasileira de Criadores de Ovinos (Arco), apesar de o Brasil liderar mundialmente a genética do animal, com 26 raças e mais duas prestes a chegar, falta organização no setor. "Precisamos de políticas públicas, principalmente de extensão rural", diz.Schwab afirma ainda que para incentivar o produtor, que hoje responde por cerca de 95% do abate informal, as alíquotas, pelo menos no início, deveriam ser zeradas. "Eles fogem da tributação. A informalidade não faz mercado e não garante qualidade", afirma.Segundo Souza, o setor necessita também de integração pública e privada para impulsionar a cadeia produtiva. Por falta de oferta, o País conta atualmente com apenas 13 frigoríficos. "Para se ter uma ideia, o Marfrig fez confinamento para três mil animais. Eles [Marfrig] têm capacidade para abater mil animais por dia, mas abatem mil por semana", afirma Filho, completando a informação de Souza.Dados da Aspaco apontam que o rebanho no Estado de São Paulo, de 1985 até 2006, avançou 97%, passando de 263 mil cabeças para 460 mil cabeças. Hoje o estado conta com 11 mil propriedades em atividade. Filho disse que a maioria dos produtores do estado é composta por médio e pequenos, em propriedades de em média 63 hectares.O Rio Grande Sul, da década de 1980 até o início dos anos 90, sofreu uma queda vertiginosa de seu rebanho, saltando de 14 milhões para 4 milhões de cabeças. "O Brasil, segundo levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística [IBGE] possui 16,6 milhões de cabeças do animal no total", diz Filho.A redução no sul, de acordo com o presidente da Aspaco, deu-se com o surgimento da fibra sintética, já que os gaúchos trabalhavam a produção de lã. "Hoje a produção deve retomar com a carne", afirma.Para Filho, o associativismo também pode ser um caminho para alavancar a caprino-ovinocultura brasileira. "Os pequenos produtores podem se unir para aumentar sua capacidade produtiva e contar com a certeza de um destino para o seu rebanho."O processo de criação até o abate também pode ser setorizado. Segundo o presidente, alguns produtores podem optar por investir em confinamento, outros em criação. "Ainda não temos perspectiva do montante de investimento necessário para uma criação. Ainda estamos estudando, tudo depende de tecnologia." Além do mercado externo promissor, o doméstico também sinaliza avanço. Os restaurantes têm procurado a carne, mas a pouca oferta tem deixado a desejar. Com o aumento de produção, segundo o presidente da Arco, tendência é de que o mercado receba outros tipos de corte, além de embutidos. "Produzimos hambúrguer, linguiça, kafta e salame. Se o consumidor não vir o produto em sua frente não vai lembrar que existe. É preciso ofertá-lo na gôndola", diz Schwab.

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