segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Suco de uva brasileiro na Gulfood em Dubai

Cinco empresas participam da maior feira de alimentos do Oriente Médio levadas pelo Programa de Desenvolvimento Setorial do Suco de Uva, desenvolvido em parceria entre Ibravin, Ibraf e Apex-Brasil. A estreia das empresas brasileiras produtoras de suco de uva 100% natural na Gulfood, maior feira de alimentação do Oriente Médio, acontece neste domingo (21), em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos. Aurora, Casa de Madeira, Sinuelo, Panizzon e Natural Products (Suvalan) ocuparão o espaço do Ibravin (Instituto Brasileiro do Vinho) no estande de 90 metros quadrados do Ibraf (Instituto Brasileiro de Frutas), que participa pela terceira vez da feira, com encerramento marcado para quarta-feira (24). “Os Emirados Árabes Unidos são vistos como um local estratégico para o suco de uva 100% natural brasileiro, por isso a presença nesta feira é obrigatória e deve render bons negócios”, afirma a coordenadora do Programa de Desenvolvimento Setorial do Suco de Uva, Raquel Rohden, que está em Dubai acompanhando as cinco empresas. O programa, criado em agosto do ano passado, já conta com a adesão de 19 empresas (Aurora, Casa de Madeira, Garibaldi, Galiotto, Irmãos Molon, Panizzon, Campestre, Perini, Mena Kaho, Natural Products, Cooperativa Monte Vêneto, Cenecoop , Battistello Terragnolo, Sinuelo, Catafesta, Golden Sucos, Cooperativa Aliança e Muraro). Ele é desenvolvido em parceria entre o Ibravin, o Ibraf e a Apex-Brasil (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos).
Segundo Raquel Rohden, o Brasil é conhecido no mercado externo pelo suco concentrado. “O objetivo do programa é divulgar o suco de uva 100% natural pronto para beber, que tem maior valor agregado”, esclarece. Como há a proibição de consumo de bebidas alcoólicas por questões religiosas, o suco de uva tem tido uma demanda crescente no Oriente Médio. “Os países árabes, tendo Dubai como porta de entrada, apresentam boa renda e atraem milhares de turistas em todas as épocas do ano”, observa Raquel, acrescentando que a imagem favorável do Brasil oferece grandes oportunidades aos produtos verde-amarelos ofertados nestes países.
Ao lado de Estados Unidos, Canadá e Angola, os Emirados Árabes Unidos estão entre os quatro mercados-alvo para a promoção brasileira do suco de uva 100% natural no mundo este ano e no próximo. Para os próximos dois anos, também serão trabalhados países como Chile, Colômbia, Guatemala e Venezuela. “A diversidade de uvas existentes no Brasil, que deixa o suco mais saboroso, é um dos maiores diferenciais do nosso suco de uva”, opina Raquel Rohden.
A participação das empresas brasileiras na Gulfood deste ano nasceu após uma missão técnica do Ibravin a Dubai, em 2009. A convite da Apex-Brasil, três empresas (Aurora, Lidio Carraro e Miolo) participaram do evento Sabores do Brasil, um jantar de gala realizado no Hotel Intercontinental em Dubai nos dias 21 e 22 de fevereiro do ano passado. O destaque foi o suco de uva 100% natural da Aurora, que acabou conquistando um importador para o Oriente Médio.A gerente do Wines from Brazil, Andreia Gentilini Milan, que acompanhou as visitas em Dubai em 2009, ressalta que o grande atrativo do suco é que ele não tem similar no mercado do Oriente Médio. “É puro, natural, sem adição de água, açúcar nem conservantes”, enumera. A gerente executiva do Ibraf, Valeska de Oliveira, diz que os produtos brasileiros são bem aceitos pelos árabes e a receptividade pelas empresas locais também é grande. “A Gulfood é a principal feira do Oriente Médio para os nossos produtos”, assinala.
A última safra (2009) de uva do Rio Grande do Sul, estado responsável por cerca de 90% da produção brasileira, resultou na colheita de 207 milhões de quilos de uvas comuns (americanas ou híbridas). A novidade é que 45% deste total foi destinada para a produção de suco de uva. Nos anos anteriores, a média ficava em 30%. “Isso se deve à crescente aceitação dos consumidores ao suco de uva, especialmente o 100% natural, que não contém adição de água nem açúcar”, afirma o diretor-executivo do Ibravin, Carlos Raimundo Paviani.O dirigente salienta que o mercado de suco de uva tem crescido a uma média de 15 a 20% por ano, sendo que os sucos naturais têm incremento ainda maior, ao redor de 40%. “Toda a produção tem sido absorvida, o que leva as empresas a apostarem nesse produto”. Em dois anos, a comercialização de suco de uva 100% natural aumentou 86% no Brasil, passando de 13,7 milhões de litros em 2007 para 25,5 milhões de litros em 2009. A produção de suco de uva do tipo integral/natural no Rio Grande do Sul foi de 18,3 milhões de litros em 2008. Nos anos de 2001 e 2002, a produção era de 2,8 milhões de litros. Em 2003, 3,5 milhões de litros. Em 2004, 4 milhões; 2005, 6 milhões de litros; e 2006, 8,6 milhões de litros de suco de uva 100% natural.De acordo com o enólogo Adolfo Lona, uma das virtudes de todo suco natural é ter características organolépticas marcantes da fruta que o gerou. No caso dos sucos de uva, os provenientes de variedades de origem europeia, utilizadas para obter vinhos finos como Chardonnay, Riesling, Merlot e Cabernet Sauvignon, não apresentam as características da casta. “São neutros, sem graça”, diz ele. “Já os elaborados a partir de uvas da espécie Americanas e/ou híbridas como Concord, Seibel e Isabel – abundantes na Serra Gaúcha – são extremamente ricos em aromas e gosto de uva”, assegura Lona.É por este motivo que o suco brasileiro é muito apreciado e raro, porque na grande maioria dos países produtores o cultivo das espécies americanas é proibido, como na França, por exemplo. Tradicional produtor e exportador de suco concentrado, o Rio Grande do Sul possui indústrias existentes desde a década de 70, estando entre as mais modernas do mundo. Adolfo Lona garante que o consumidor que provar o suco de uva brasileiro irá descobrir um produto natural, puro, integral e sem álcool. E mais: “que reúne todos os benefícios à saúde que os derivados das uvas tintas oferecem devido à presença do resveratrol”.

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