quinta-feira, 2 de outubro de 2008

Livro da Confraria e Avaliação de Vinhos

Estava devendo aos meus amigos os resultados da XVI Avaliação Nacional de Vinhos, da qual participei, sábado, dia 27 de setembro. Acontece que estava cheio de trabalho e preparando o lançamento do livro As melhores receitas da Confraria do Cordeiro para segunda-feira, dia 6, às 19h, lá na Alameda dos Escritores, no Shopping Total. Haverá petiscos com carne de cordeiro, inclusive, uma iguaria típica da fronteira: salada de cabeça de ovelha. Os vinhos e espumantes serão Dal Pizzol e Casa Valduga. Não percam.
Eis, então, a reportagem sobre os vinhos:

Selecionados os vinhos mais
representativos da safra 2008

Os 16 vinhos brasileiros mais representativos da safra 2008 foram apresentados e degustados, sábado, dia 27, em Bento Gonçalves e em Curitiba, neste caso através de tele-conferência. Participaram 11 degustadores-comentaristas, em Bento, e 5, em Curitiba, entre os quais alguns especialistas estrangeiros, e 900 degustadores convidados, sendo 700 na serra gaúcha e 200 na capital paranaense. Promoção da Associação Brasileira de Enólogos (ABE), o evento foi aberto pela governadora Yeda Crusius, que chegou no horário, às 9h30min, num dos enormes pavilhões do Centro de Eventos da cidade e fez um discurso técnicamente correto, quanto ao vinho, o que agradou aos vitivinicultores. A governadora foi muito aplaudida quando garantiu todo o apoio do governo à promoção do vinho nacional, dentro do país e no exterior. “Não pode haver barreiras tributárias e precisamos garantir mais autonomia ao vinho brasileiro”, disse ela, antes de fazer um brinde com o presidente da ABE, Carlos Abarzua, e com os dirigentes do Instituto Brasileiro do Vinho, Denis Debiasi e Carlos Paviani.

Foram inscritos 318

Os 16 vinhos que melhor representam a safra de 2008 foram, inicialmente, selecionados por 78 enólogos da ABE entre 318 amostras inscritas por 62 vinícolas de todo o País. Na apresentação de sábado, foram usadas 900 taças de vinho e 900 de espumante. Setenta alunos do Cefet, em Bento Gonçalves, serviram os vinhos. Em Curitiba, foram 11 garçons.

Homenagens

Durante a degustação, foram entregues os prêmios do Troféu Vitis 2008. O Vitis Enológico foi para o professor universitário Carlos E. Daudt, com 43 anos de dedicação ao ensino de enologia; e o Vitis Amigo do Vinho para Hermes Zanetti, presidente da Câmara Setorial da Cadeia Produtiva da Vitivinicultura, Vinhos e Derivados. Ambos fizeram veemente condenação da atual “lei seca”, garantindo que a lei anterior teria os mesmos resultados sem criar problemas econômico-financeiros para os produtores. Vários dos degustadores profissionais também criticaram a lei.
Hermes Zanetti, em seu pronunciamento, falou sobre a “concorrência desleal” dos vinhos estrangeiros no Brasil. “Não somos contra a presença de vinhos estrangeiros de qualidade no País”, afirmou Zanetti, “mas temos que lutar para que haja espaço para o vinho brasileiro no Brasil.” Zanetti sugeriu que a Avaliação Nacional de 2009 tenha uma parte em Brasilia, “dentro do Itamarati, para que os embaixadores conheçam nosso vinho e o levem pelo mundo”.

Os vinhos e suas notas

Cada um dos degustadores oficiais analisou um dos 16 vinhos, deu sua opinião e sua nota.. Depois, foram divulgadas a média das notas da mesa e dos degustadores da primeira fase e recolhidas as notas do público, para posterior divulgação. Os 16 vinhos selecionados receberam as seguintes notas, pela ordem seleção, mesa e degustador: Base Espumante 1 - Vinícola Perini (88, 87, 84); Base Espumante 2 - Möet Hennessy do Brasi/Chandon (87,5, 88, 92); Branco Fino Seco não Aromático – Viognier da Cia. Piagentini (86, 86, 87); Riesling Itálico da Salton (86, 87, 89); Chardonnay da Don Guerino (87,5, 87, 89); Chardonnay da Casa Valduga (88,5, 88, 88); Branco Fino Aromático – Moscato Itália da Fazenda Ouro Verde - Bahia (86, 87, 90); Moscato Giallo, da Salton (87, 88, 90); Rose Seco –Rosé (merlot/cabernet sauvignon) da Vinícola Monte Lemos (86, 86, 87); Tinto Fino Seco Jovem – Pinot Noir Fortaleza do Seival (86, 89, 92); Tinto Fino Seco – Cabernet Franc da Cooperativa Aurora (81, 89, 93); Cabernet Franc da Vinícola Valmarino (88,5, 89, 89): Merlot da Rasip-Raul Randon (88, 89, 89); Merlot da Vinícola Miolo (89, 89, 89); Ancellotta da Catafesta Indústria de Vinhos (88,5, 89, 89); Tannat da Vinícola Gheller (88,5, 90,5, 91).

Os degustadores-comentaristas

Os degustadores-comentaristas foram: Tommy Lam, Cingapura, jornalista; Sheila Arleen Puritt, Canadá, jornalista; Alexandra Corvo, Brasil, sommelier; Deise Novakoski, Brasil, sommelier; Dominique Foulon, França, enólogo; Leonardo Montemiglio, Itália, instrutor da ONAV; Jairo Monson de Souza Filho, Brasil, médico; Silvia Mascella Rosa, Brasil, jornalista; Julio Anselmo de Souza Neto, Brasil, médico; Vincenzo Solfrizzi, Itália, médico. Em Curitiba, Jean-Lucien Cabirol, França, Doutor em Enologia; Raúl Castellani, Argentina, promotor de Concursos Internacionais; Sergio Inglez de Sousa, Brasil, jornalista; Guilherme Rodrigues, Brasil, advogado; Rogério Marcondes, Brasil, vice-presidente da ABS-PR.


Uniformidade dos vinhos
é uma tendência positiva

Chamou a atenção de todos os participantes, inclusive dos estrangeiros, a quase uniformidade das notas dadas pelos diferentes degustadores. O próprio diretor de Degustação, enólogo Mauro Zanus, chamou a atenção para uma maior uniformidade dos vinhos, o que contribui, segundo ele, para a construção da identidade do vinho brasileiro. “A elevação do padrão e uma maior uniformidade reflete também na unidade tecnológica das vinícolas”, disse. Outra importante constatação é que o número de amostras de vinho base para espumante aumentou 50% em relação a edição passada.
Os jornalistas estrangeiros trazidos ao País pelo Projeto Wines from Brazil e pelo Ibravin para aumentar a divulgação do vinho brasileiro no exterior e que passaram uma semana visitando vinícolas e degustando vinhos enfatizaram que este é o caminho certo. Segundo eles, o País precisa aumentar a qualidade dos vinhos e “manter o padrão” de maneira uniforme. “Quanto mais vinhos de qualidade houver, mis fácil será conquistar o mercado internacional”, disse o alemão Werner Engelhard, editor chefe da revista Wein Markt desde 2002.

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