quinta-feira, 1 de novembro de 2007

Como exportar para os Estados Unidos

Seminário “Os desafios da exportação de vinhos para o mercado americano”, promovido pelo Projeto Setorial Integrado Wines from Brazil (WFB) na tarde do dia 30 de outubro, em Bento Gonçalves, confirmou que os Estados Unidos é um dos principais mercados para os vinhos brasileiros. Esta condição foi assegurada pelo importador americano de vinhos brasileiros, Gelson Cardoso, que falou sobre o assunto com autoridade. O evento, que lotou as dependências do Auditório do Centro da Indústria, Comércio e Serviços de Bento Gonçalves (CIC/BG), reuniu mais de 120 representantes de vinícolas da Serra Gaúcha.
O presidente do Conselho Deliberativo do Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin), Denis Debiasi, ao dar as boas-vindas aos participantes, falou da importância do evento para o fortalecimento do mercado nacional no exterior. A gerente de promoção comercial do Wines from Brazil, Andreia Gentilini Milan, deu início aos trabalhos apresentando um vídeo institucional do projeto que chama a atenção para a diversidade de regiões produtoras e, conseqüentemente, de vinhos elaborados no Brasil. O material, que vem sendo apresentado nos eventos realizados no exterior, foi produzido em cinco idiomas especialmente para atrair a atenção de importadores, distribuidores, formadores de opinião e consumidores do mundo inteiro.
Ao relatar as experiências e a evolução do WFB, Andreia Milan destacou os benefícios oferecidos às vinícolas participantes do projeto como a troca de experiências, o fortalecimento da marca “Vinhos do Brasil”, o apoio financeiro para a participação nas atividades, o apoio institucional e financeiro para ações de promoção e a garantia de tarifas diferenciadas. Ela explicou que para realizar um circuito de degustação nos USA é necessário um investimento médio de US$ 50 a US$ 60 mil. “O custo de cada vinícola participante em uma ação dessas é de apenas US$ 2,5 mil, o que corresponde ao envio da amostra e despesas de viagem. O restante é subsidiado pelo projeto. Este investimento, muitas vezes, é mais barato do que ações desenvolvidas pela empresa no Brasil”, salientou.
A gerente do projeto adiantou que a meta de exportações do Wines from Brazil até o final de 2009 é de chegar a US$ 5 mi, o que corresponde quase 10% da produção atual de vinhos finos do Brasil. Entre os mercados que atualmente mais importam vinhos ela destacou a Alemanha, o Reino Unido e os Estados Unidos.

O melhor caminho

Gaúcho de Porto Alegre e há 17 anos morando nos Estados Unidos, Gelson Cardoso, que teve importante papel na introdução dos vinhos finos brasileiros neste mercado, alertou os empresários para a necessidade de atuarem com um importador. “O mercado americano é muito aceptível a coisas novas, mas também é muito exigente e tem diferentes legislações em cada estado. Jamais enviem amostras se não for para importadores. É triste ver empresários irem lá, gastar muito e voltar sem pedidos”. Ao falar sobre os desafios do mercado americano para o vinho brasileiro, Cardoso aconselhou as vinícolas a tratarem com importadores que atuam nos estados de New York, New Jersey e Califórnia em razão da logística criada no país. Seguindo este caminho o custo da operação representa um terço do valor se comparado ao que é cobrado na Flórida. Além disso, a agilidade na entrega dos vinhos é muito mais eficaz.
Há 10 anos no mercado americano, os vinhos brasileiros tiveram seu primeiro carregamento em 2002, ano em que surgiu o Wines from Brazil. Gelson Cardoso relatou que o início foi muito difícil. Segundo ele, as churrascarias brasileiras – hoje mais de 200 - instaladas nos Estados Unidos foram fundamentais para a introdução do vinho brasileiro naquele país. “A era dos Vinhos do Novo Mundo – diga-se Chile e Argentina – também nos ajudou, permitindo que pegássemos carona tirando proveito da situação”, comemorou.
70% dos vinhos consumidos no mercado americano são produzidos na Califórnia. O restante é importado, sendo que os vinhos que mais vendem são os que ficam numa faixa de US$ 10 a US$ 20. Dentro dos USA é possível encontrar vinhos de US$ 3,99 até US$ 400. São 38 mil rótulos. Hoje, 250 milhões de americanos têm poder de compra, um mercado que ainda precisa ser explorado.

O Brasil nos USA

O Seminário, que teve o objetivo de oportunizar aos participantes ampliar seus conhecimentos sobre este potencial mercado para os vinhos do Brasil, é mais uma ação do plano de ações do WFB que tem o propósito de aumentar o volume da exportação de vinhos brasileiros, além de atrair novas vinícolas para o grupo. Atualmente, nove vinícolas do Wines from Brazil exportam para os USA, sendo elas: Cooperativa Vinícola Aurora, Miolo Wine Group, Vinícola Boutique Lídio Carraro, Sociedade de Bebidas Mioranza, Vinhos Marson, Champagne Georges Aubert, Vinhos Salton, Sulvin Indústria e Comércio de Vinhos e Pizzato Vinhas & Vinhos.
Segundo dados do Ministério da Indústria e Comércio Exterior (MDIC) e relatórios internos do Grupo WFB, as exportações para o mercado americano entre as vinícolas participantes do projeto representaram 21% do total no ano passado. Os resultados, em 2007, são melhores ainda. Até o final de setembro, o grupo exportou 30,92% do volume, reafirmando a posição de liderança dos Estados Unidos como principal mercado para os vinhos brasileiros.

A logística de distribuição

A logística de distribuição de vinhos no mercado internacional foi o assunto apresentado pela representante comercial regional da FedEx Express, Marisa Neves. Ela explicou que para o vinho brasileiro chegar aos Estados Unidos sem entraves é necessário uma série de ações como o registro no FDA, fatura comercial com porcentagem de álcool e açúcar, nota fiscal e em caso de venda DSE (Declaração Simplificada de Exportação) ou RE.
A FedEx é a maior empresa de transporte expresso aéreo de cargas com mais de 45 mil veículos e 669 aeronaves que transportam mais de 4 mi/dia de pacotes. O serviço de porta a porta é feito com rastreamento on-line. Para melhor atender o transporte de vinhos, a empresa desenvolveu uma caixa totalmente revestida internamente com isopor. A embalagem, desenvolvida a partir de uma idéia sugerida por vinícolas brasileiras, protege o produto evitando perdas. Além disso, a FedEx oferece para as empresas participantes do Wines from Brazil descontos fixos especiais.

Experiência exportadora

A Diretora Comercial da Casa Valduga, Juciane Valduga, relatou a participação da empresa no projeto. Segundo ela, o grande desafio do grupo sempre foi o de levantar a bandeira dos ‘Vinhos do Brasil’. “A experiência tem nos ensinado não só o que precisamos fazer lá fora, mas também o que tem a ser feito em casa, no Brasil”, afirmou.
A diretora destacou que o grupo está fazendo a história dos vinhos brasileiros no mundo. Para ela, existem três pontos principais a serem considerados neste processo, que levam as vinícolas brasileiras a exportar seus vinhos. O primeiro é o de que as vinícolas não podem depender apenas do mercado brasileiro. O segundo, para ela o mais importante, é a constante busca pela atualização das tendências mundiais, e neste caso Juciane cita o exemplo dos vinhos rosés, produto que a Casa Valduga lançou ainda em 2004, iniciativa impulsionada pela evidência que este vinho já apresentava na Europa ainda em 2002. E o terceiro aspecto é a valorização do vinho brasileiro no mercado interno, como reflexo do status gerado devido a exportação.
O evento encerrou com um coquetel regado a vinhos e espumantes brasileiros exportados para os Estados Unidos. O Seminário teve o patrocínio da FedEx Express e contou com o apoio da Apex Brasil, Ibravin e Sebrae.

Como participar do projeto?

As empresas interessadas em participar do WFB devem apresentar uma carta de adesão, contribuir com uma mensalidade, participar das ações do projeto, fornecer informações da empresa e prestação de contas.

Empresas que integram o Wines from Brazil

Boscato Indústria Vinícola, Casa Garcia, Casa Valduga, Cave Marson, Champagne Georges Aubert, Cooperativa Vinícola Aurora, Cooperativa Vinícola Garibaldi, Cooperativa Vitivinícola Aliança, Cordilheira de Sant’ana, Fante Indústria de Bebidas, Lovara Vinhos Finos, Panizzon Indústria de Bebidas, Miolo Wine Group, Pizzato Vinhas & Vinhos, Sociedade de Bebidas Mioranza, Sulvin Indústria e Comércio de Vinhos, Velha Cantina, Vinicola Courmayer, Vinicola Dal Pizzol, Vinhos Don Laurindo, Vinhos Salton, Vinícola Boutique Lídio Carraro, Vinícola Cordelier, Vinícola Panceri e Vinícola Perini.

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