quarta-feira, 17 de outubro de 2007

Um tannat domado e descansado

A conclusão foi um belo assado de cordeiro, preparado nas brasas, ao pé do Cerro de Palomas, mas começamos – a Rosana Wagner, o Gladistão Omizzolo, o Claudino Loro e eu – comendo um queijinho com azeitonas e salame e degustando um Chardonnay 2005, 30% do qual passou algum tempo no carvalho, e demonstrou equilíbrio legal entre fruta e madeira; e um Gewurztraminer 2004, cujas uvas foram colhidas pela manhã, com equilíbrio de ácidos e açúcar, resultando num vinho de aroma inconfundível, como pétalas de rosa.
Depois, já no aperitivo com lingüiça elaborada em Livramento, assada na brasa, passamos para o Cabernet Sauvignon 2003, cuja garrafa nº 11157, continha 20% passado em carvalho, com grau alcoólico de 12,8, um vinho seco, que caiu no gosto do Loro, de coloração rubi brilhante, com bouquet pronunciado e aroma de frutas vermelhas. Concluímos a lingüiça com um Merlot 2004, cuja intensidade de cor chamou a atenção, e que harmonizou bem com a comida, sabor amplo e aveludado, bouquet pronunciado e aroma frutado de ameixas secas.
Finalmente, o grand moment, le grand finale do almoço de sábado, dia 13 de outubro. Para acompanhar a carne de cordeiro corriedale, o esperado, sua excelência o Tannat 2004, potro jovem que teve que passar 18 meses em barris novos de carvalho (85%) e ainda ser cortado em 10% de cabernet sauvignon e 5% de merlot para ser domado, como diz a enóloga Rosana Wagner. Afinal, a uva deu quase 18° de álcool e teve que passar por tudo isso para ficar nos 13,8° que manda a lei. Só assim amaciou seus potentes taninos.
A uva tannat, explicou Gladistão Omizzolo, adorou o Paralelo 31, a região de Palomas, terra do escritor Juremir Machado, na Campanha Gaúcha, onde fica a vinícola Cordilheira de Sant´Ana, responsável por estas preciosidades e pela excelente recepção que tivemos. É a região onde a uva melhor se adaptou no Brasil, próximo à fronteira com Rivera, Uruguai, país no qual ela se tornou ícone. Os 13,8 graus de álcool são naturais, sem chaptalização, ficou um vinho muito concentrado, com uma cor rubi-violácea intensa, sabor frutado de cassis e ameixas, deliciosamente equilibrado e agradável na boca. O longo repouso em barricas de carvalho novo e o corte com cabernet sauvignon e merlot tornaram-no harmônico ao paladar, assegurando a maciez necessária, bem como um toque arredondado e textura suave.
“Harmoniza-se perfeitamente com carnes vermelhas, principalmente a de cordeiro”, explicou Rosana Wagner, o que deixou o Claudino Loro tão entusiasmado que prometeu escolher uns cordeiros no seu rebanho de 4 mil ovelhas texel e mandar para Gladistão fazer um cruzamento com as corriedales que possui no fundo da propriedade de 46 hectares, 24 dos quais já ocupados com vinhedos. A Vinícola Cordilheira de Sant´Ana, instalada no alto de uma coxilha, com vista maravilhosa para o Cerro de Palomas, é uma verdadeira Adega Regional de Vinhos Finos, pois elabora vinhos exclusivamente de uvas viníferas de seu próprio vinhedo, iniciado em 1999.

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